Senador voltou à presidência do Senado cinco anos após renunciar ao cargo em meio a denúncias; o peemedebista foi chamado de 'sem vergonha' e 'ladrão' pelos manifestantes
Agência Brasil: Renan foi alvo de protesto ao subir a rampa do Congresso para a abertura dos trabalhos legislativos |
Em sua primeira aparição pública após ser eleito presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) foi xingado nesta segunda-feira (04)
por manifestantes. Enquanto subia a rampa do Congresso Nacional,
atividade que faz parte da cerimônia de abertura dos trabalhos
legislativos, o senador ouviu calado gritos de "safado", "sem vergonha" e
"ladrão". Os manifestantes portavam cartazes "Até quando o Poder
Legislativo envergonhará o Brasil?" e "Fora Renan ou abaixo o Senado".
Renan Calheiros foi eleito novo presidente do Senado na
última sexta-feira (1). Uma semana antes, no entanto, o Ministério
Público Federal (MPF) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia
contra Renan, pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documentos
falsos e peculato.
Discurso
No discurso de encerramento da solenidade de abertura do
ano legislativo, Renan Calheiros defendeu a aprovação de reformas para
que o País se torne "insubstituível" como destino dos investidores
internacionais. Ao sublinhar que o Brasil tem uma agenda de importantes
temas a tratar, Renan Calheiros criticou o que considera ansiedade para
"precipitar" o debate eleitoral de 2014, classificado por ele como
"extemporâneo". O peemedebista não declinou, porém, quem seriam os
ansiosos.
O novo presidente do Congresso e do Senado citou a
votação da mudança do indexador das dívidas dos Estados e dos municípios
e das novas regras de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal como matérias importantes a serem apreciadas este ano. O
peemedebista também destacou que, para o País ter "assento entre as
grandes nações", é preciso aprovar as reformas tributária e política. Na
última proposta, ele defendeu a adoção do financiamento público das
campanhas políticas.
O novo presidente do Congresso e
do Senado, Renan Calheiros, durante sessão solene no Congresso para abertura dos trabalhos de 2013 |
"Vamos levar adiante a votação das reformas
microeconômicas para o Brasil. Elas são imprescindíveis para o País",
afirmou. "Estou certo que nossa conduta estará pautada pelo bem comum e a
fim de igualar as oportunidades", completou.
Num discurso em que buscou desanuviar o
ambiente político, o presidente do Congresso disse que o parlamento
brasileiro deve ajudar nas "vacinas" contra a "epidemia global", numa
referência à crise econômica que atinge nações desenvolvidas. Ao lado do
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e da ministra
da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que representou a presidente Dilma
Rousseff, ele afirmou que os poderes são independentes e seus
integrantes têm ajudado a construir um "Brasil muito melhor".
"Não podemos, não devemos e nem temos como admitir a
redução da potencialidade de um país e nem comprometer as futuras
gerações com erros políticos", disse. "A união de todos para o bem comum
é um compromisso de todos os brasileiros", declarou ele, ao declarar
que é preciso "trabalhar muito para atenuar os efeitos da crise e deixar
as miudezas para os pequenos".
Renan Calheiros reafirmou que vai procurar nesta semana o
presidente eleito da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para
discutir, entre outras ideias, a votação proposta que altera o rito de
tramitação das medidas provisórias. Ele também quer debater a aprovação e
a execução do orçamento e uma forma de apreciação dos mais de 3 mil
vetos presidenciais que trancam a pauta do Congresso.
Fonte: iG