Impelido pelo grande desejo de conhecer tua gênese e teus feitos, velha
Palma, eu fui longe demais. Ousei pesquisar durante muitos anos e acumulei um
razoável acervo sobre tua caminhada na história e no tempo.
Publiquei alguns trabalhos, sete até aqui, sendo que “História de Coreaú
(1702 – 2002)” tornou-se mais conhecido e também o mais discutido e, porque não
afirmar, o mais criticado.
Essa publicação prestes a completar dez anos, ultimamente tem sido um
tanto discutida. Mas desde o lançamento, dei a conhecer que havia imperfeições,
pois na Introdução, p. 35-36, realcei:
“É oportuno, também, declarar,
em face da existência de lacunas e omissões, que não se trata de um trabalho
pronto, acabado na forma e no conteúdo, que assim tenha esgotado todo o rico
potencial de informações sobre os fatos e feitos de nossa querida comuna.
Trata-se, apenas, de uma coletânea que servirá de referência para todos aqueles
que desejarem explorar outros aspectos da vida de nossa cidade ou aprofundar os
temas aqui tratados.”
Acalento-me com o pronunciamento de duas estrelas fulgurantes da cultura
cearense, Padre Francisco Sadoc de Araújo e Professor Geraldo da Silva Nobre
(in memoria), respectivamente, na apresentação e no prefácio do meu modesto
trabalho sobre os fatos e feitos da Várzea Grande de antanho, da Palma de ontem
e da Coreaú de hoje.
Na Apresentação, p.30-31, Padre Sadoc
salienta:
“Em verdade, quem se aventura a escrever com seriedade
qualquer livro de história não pode prescindir da pesquisa em arquivos e
bibliotecas, que são o manancial primeiro dos dados precisos e autênticos que
estruturam a veracidade dos fatos narrados.”
“Como se
observa, nada escapou aos olhos atentos do autor que se dispôs, de corpo e
alma, a publicar um estudo abrangente da “História de Coreaú”, sua terra natal,
à quem manifesta devotar um profundo amor, sem o qual não se explicaria o
ingente esforço despendido para levar a bom termo tão cansativa tarefa. Para
ele, o amor à sua terra não é apenas um simples afeto sentimental mas, muito
mais do que isto, o cumprimento de um dever de cidadania.”
No Prefácio, p.33, Professor Geraldo
Nobre ressalta:
“Infelizmente não é possível discorrer neste registro sobre
todos os assuntos tratados e descritos muito apropriadamente por Leonardo
Pildas, tal o volume de informações por ele coletadas desde quando resolveu
dedicar-se à reconstituição do passado e do presente de Coreaú e de seus
filhos; (...).”
Com fidelidade às fontes consultadas e no limite do meu alcance, escrevi, com convicção e zelo, um pouco da
história coreauense. Assim, dou por encerrada essa demanda. Antes devo
proclamar, usando as palavra de Horácio, in
Carmina, que toda a minha busca sobre tua história, Palma, não passou de “uma doce ilusão, e um agradável erro da
mente” = “Amabilis insania, et mentis gratissimus error”. Contudo, me sinto feliz! Aprendi bastante
sobre tua gente, teus percalços e tuas conquistas.
A tua história, minha terra, ainda será publicada na sua inteireza,
espelhando a análise crítica que torna meritório um trabalho nessa área. Que eu
tenha vida para congratular-me com o autor ou os autores de tua verdadeira e
completa História.
Jamais cobicei as luzes da ribalta, nem a eloquência do púlpito,
nem o aplauso do pódio e muito menos o gáudio do trono. Tudo isto encerra a
vaidade humana: “Vanitas vanitatum, et omnia vanitas” = “Vaidade
das vaidades, tudo é vaidade.” O silêncio além de proporcionar a reflexão, em muitas ocasiões
sugere o status de sábio. Por um período de tempo, não me pronunciarei sobre
aspectos da história de Coreaú. Irei pesquisar mais e aprender como fazer uma
análise crítica. Espero encontrar um bom mestre ou uma boa mestra no assunto.
Em duas oportunidades da minha vida, tive a grata satisfação de
viver, por alguns anos, em duas Comunidades Religiosas, em uma como estudante e
noutra como hóspede. Nelas aprendi o real sentido da vida humana e que, a
emissão de valor de juízo só deve ser feita quando se tem pleno conhecimento do
fato. Aprendi também a respeitar as pessoas dentro do seu contexto vivencial.
Cresci não em estatura, mas em conhecimento. Sinto orgulho, no bom sentido,
daquele convívio salutar que tanto me dignificou e muito concorreu para a minha
formação. Sinto-me um privilegiado por ter convivido com tanta gente sábia e altiva.
Por último, evoco, aqui, a sábia advertência de Erasmo in Chiliades: “Uma coisa é o cetro, outra o plectro.”
Fortaleza, 23 de fevereiro de 2013
Leonardo Pildas